Muitas de suas principais diversões, menino João aprendera com seu avô. Mais conhecido como “Vô Toninho”, das brincadeiras infinitas e do jeito de criança. Muitas vezes mais criança que o próprio Menino João.
Era para a chácara de Vô Toninho que os pais de menino João o levavam uma vez por mês. Isso não era incomodo para o garoto, que adorava correr pelo terreno. Lá João conheceu o famoso passarinho amarelo, que vivia em uma pequena gaiola, com dois poleiros e tamanho mínimo. Mesmo assim ele cantava...
Menino João se perguntava, afinal, por que ele não é livre? Vô Toninho, dizia que o mesmo não sabia voar, nascera em uma gaiola... Jamais aprendera a viver fora de uma. Menino João não se conformava, pois não fazia sentido ter asas e não voar. Nessas horas seu avô ensinava-lhe que muitos seres na vida têm capacidade e ferramenta, porém não são capazes de realizar seus objetivos.
E todas as vezes que Menino João seguia para a chácara, ouvia o cantar do passarinho pela manhã, se perguntava e se ele fosse livre. O que o Menino não esperava, era que em um belo mês de Janeiro, ao chegar na chácara não viria seu amado avô. Ele estava no hospital, seus pais informaram que havia uma massinha dentro da barriga dele, que estava fazendo mal. Menino João nunca fora tolo, sabia que seu avô não comera massinha. Provavelmente estava com algo mais grave.
Uma manhã, o passarinho não cantou. O menino se levantou com o som de telefone antigo, Sua mãe atendera e chorara. A “Vó Zinha” se sentara, seu pai nada falara, o tempo fechara. Menino João então saiu pela porta, atravessou a sala, chegou no quintal e viu o passarinho em silêncio. Nesse momento pegou um banco e abriu a porta da gaiola. O passarinho apenas saltitava, até que num único atravessou a portinhola e conquistara a liberdade.
O pai do menino viu a cena e ressabiado comentou.
– Filho, tenho que conversar com você sobre Vô Toninho...
O menino, parado e olhando vôo do passarinho, respondeu de imediato.
- Eu sei papai, ele estava errado. Só ele não percebeu que podia voar.
Kaio Galvão